O economista que criou a sigla Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) defende nesta terça-feira em um artigo no Financial Times que esse grupo de países "pode indicar a saída" para a atual crise que assola a economia mundial.
Em um artigo intitulado "Bric podem apontar saída da lama", Jim O'Neill, economista-chefe do banco Goldman Sachs, argumenta que os quatro grandes emergentes são capazes de compensar a desaceleração econômica mundial resultante da queda no consumo dos Estados Unidos.
"Uma grande parcela da demanda global continua a ser criada a partir dos Bric", escreve O'Neill no diário financeiro britânico. "De acordo com nossas últimas estimativas, até agora, nesta década, tem havido tanta demanda gerada pelos Bric que pelos Estados Unidos." O economista cita o caso da China, cujo consumo tem batido o consumo dos americanos, e do Brasil, onde a alta de 6,1% do PIB no último trimestre superou as expectativas dos analistas.
Para O'Neill, "é evidente" que o consumo dos EUA está "muito esticado".
"Equivalente a mais de 70% do PIB, o gasto está insustentável. É bastante concebível que na próxima década o consumo dos EUA caia para o equivalente a 60% do PIB", escreve.
Nessas condições, calcula o economista, o impulso dos Bric ainda seria capaz de soprar a economia mundial.
"A 70% de seu PIB, o gasto dos EUA equivale a cerca de 21% do PIB mundial. Se cair para 60% do seu PIB, contribuirá com apenas 18% do PIB mundial." O'Neill acredita que "os consumidores nos Bric vão compensar (esta queda), podendo inclusive receber uma ajuda de alemães e japoneses, embora de maneira limitada".
"Isto significa que, no início deste ajuste, um crescimento global de 3,5% ainda é viável, mesmo que não se possa sustentar um crescimento de 5%." Para o economista, mesmo que os mercados considerem que exista uma redução de crédito em todos os países, "é improvável que seja verdade que todos os países enfrentem a mesma situação".
Além disse, ele acrescenta, a turbulência já criou um "sentimento de crise" que obriga políticos e autoridades nos países afetados a agir para "separar Wall Street (a rua nova-iorquina que simboliza o mercado financeiro americano) da Main Street (a rua do comércio, símbolo da economia real)".
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