quarta-feira, 16 de julho de 2014

Dilma diz que criação de banco é 'extremamente relevante' para o Brics

Presidente se reuniu nesta quarta (16) com primeiro-ministro da Índia.
Em encontro de cúpula na terça, Brics definiram criação de banco.

Natalia Godoy Do G1, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff avaliou, nesta quarta-feira (16), como “extremamente relevante” a criação de um banco do Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul). Em reunião de cúpula nesta terça, em Fortaleza, os cinco países formalizaram a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), que terá como objetivo o financiamento de projetos de infraestrutura em países emergentes.
Dilma deu a declaração após se reunir, nesta manhã, com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em Brasília. Nesta semana, o Brasil sedia encontro de cúpula do Brics.
“Cinco países criam um banco, fazem um acordo contingente de reservas, um banco com capital, subscrito e bem significativo, com partes iguais para todos, com a governança compartilhada. Isso muda as condições de financiamento desses cinco países, que são os Brics, além de um acordo contingente de reservas de US$ 100 bilhões", afirmou presidente. Para ela, "é extremamente relevante para esses cinco países, extremamente. Muda as condições tanto de financiamento, quanto cria uma rede de proteção”.
O Brasil poderá indicar o primeiro presidente do Conselho de Administração do NBD, que será responsável por decidir sobre planos de investimentos e expansão. Já a Índia terá o direito de indicar o primeiro presidente e, a Rússia, o presidente do Conselho de Governadores, que terá função de supervisão. A China venceu a disputa para sediar a instituição, que ficará em Xangai. A África do Sul vai sediar o Centro Regional Africano do banco.
Dilma foi questionada por jornalistas sobre se o Brasil teve de ceder a presidência do banco, já que o país tinha um candidato para o posto. A presidente negou e disse que os nomes para a diretoria e o conselho serão indicados por todos os membros do Brics.
“O Brasil não cedeu. Eu acho fantástico, eu acho isso típico no Brasil. Se a gente tivesse ficado com a primeira vice-presidência, a imprensa estaria dizendo: 'o Brasil perdeu a sede'. (…) É absolutamente inadequado avaliar o resultado dessa cúpula assim. Cada país tem o seu papel e vai tendo nas outras esferas. Agora, a diretoria e o conselho vão ser integrados por pessoas indicadas pelos países Brics”, explicou a presidente.
FMI
Dilma Rousseff afirmou ainda que, mesmo com a criação do banco do Brics, “não tem o menor interesse de abrir mão" do FMI, o Fundo Monetário Internacional. Para a presidente, o banco do Brics não é “contra” o FMI, mas tem “uma postura completamente diferente” quanto aos países em desenvolvimento.

“Nós não temos o menor interesse de abrir mão do fundo monetário, temos interesse em democratizá-lo, torná-lo mais representativo. O novo banco dos Brics não é contra ele, é a favor de nós, é uma postura completamente diferente. E terá sempre uma postura diferenciada em relação aos países em desenvolvimento, temos interesse em democratizá-lo, torná-lo mais representativo”, afirmou.
Campanha eleitoral
Perguntada sobre quando ela começaria a campanha pela reeleição ao Palácio do Planalto, Dilma afirmou que ainda "tem que avaliar". Ela justificou, dizendo que a Copa do Mundo, em junho e julho, e agora a Cúpula dos Brics tomaram muito tempo.

"Eu sou obrigada a ter duas atividades. A minha atividade como presidente se sobrepõe à outra necessariamente. Eu tenho responsabilidades com o país. Então, eu estou representando o Brasil na cúpula dos Brics. E eu vou fazer campanha no momento em que eu possa fazer campanha", afirmou.

Brics estruturam fundo de US$ 10 bilhões além da reserva de emergência 10 vezes maior

15/7/2014 13:20
Por Redação - de Fortaleza

As bandeiras dos países que integram os Brics foram desfraldadas em Fortaleza
As bandeiras dos países que integram os Brics foram desfraldadas em Fortaleza
O grupo dos Brics está considerando iniciar um fundo conjunto de infraestrutura com capital de cerca de US$ 10 bilhões, disse uma fonte próxima às discussões à agência inglesa de notícias Reuters, nesta terça-feira. O fundo, que está sendo negociado e poderá se tornar operacional no próximo encontro dos Brics na Rússia, seria inicialmente financiado por fundos soberanos do Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul.
Posteriormente, o fundo poderia permitir a participação de fundos soberanos de outros países, disse a fonte, que pediu anonimato. O fundo não deve ser confundido com uma reserva de emergência de US$ 100 bilhões que os cinco países dos Brics estruturam durante reunião do grupo, em Fortaleza, para socorrer países em dificuldades financeiras.
Países em desenvolvimento
A China, integrante do grupo, vai se dedicar a “aperfeiçoar” o papel que os países em desenvolvimento desempenham em assuntos internacionais para lhes dar melhor representação e maior voz, afirmou o presidente Xi Jinping antes da reunião dos Brics, nesta manhã. A China já começou a fazer isso ao promover bancos de desenvolvimento internacional que ou serão liderados pela China ou terão uma participação chinesa bastante forte, em oposição a instituições dominadas pelo Ocidente como o Banco Mundial.
Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul devem assinar nesta terça-feira um acordo para o lançamento de um novo banco de desenvolvimento. Autoridades dos Brics disseram que Xangai deve ser a sede, mas uma autoridade envolvida nas negociações afirmou à Reuters na segunda-feira que ainda não há acordo entre os cinco países sobre a localização.
A China também está planejando um Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura.
Governança
Xi, em entrevista com a imprensa sul-americana divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, afirmou que a China tentará desempenhar melhor o papel de importante potência responsável e promover os direitos do mundo em desenvolvimento.
– Vamos nos dedicar a aperfeiçoar o sistema internacional de governança e pressionar proativamente pela expansão da representação e direito de falar pelos países em desenvolvimento em assuntos internacionais. Vamos apresentar mais propostas chinesas e contribuir com a sabedoria da China – disse ele.
Mas a China enfrenta grandes suspeitas sobre seus motivos, e também há preocupações dentro dos Brics de que o país pode se aproveitar do novo banco para servir a seus próprios interesses. Xi aparentemente descartou essas preocupações, afirmando que a China não acredita que está destinada a dominar outros só por causa de sua crescente força.
Na última semana, o vice-ministro chinês das Relações Exteriores, Li Baodong, afirmou que o “momento é propício” para a criação do novo banco, que será um “marco no atual sistema monetário internacional, dominado pelos Estados Unidos e pela Europa”.
Trata-se de uma referência ao fato de que o banco poderia ser uma alternativa ao Banco Mundial, uma organização tradicionalmente dirigida por um representante norte-americano, enquanto que o Fundo Monetário Internacional (FMI) tradicionalmente é controlado por um representante europeu.
O presidente do Banco Mundial, o sul-coreano-americano Jim Yong Kim, também se mostrou favorável a iniciativa de criação do banco dos Brics, que não considera como uma “ameaça”, mas como um aliado na “batalha contra a pobreza” e no “estímulo ao crescimento”.
– O tamanho do investimento não é tão grande comparado com investimentos feitos na China. Mas esse é apenas o capital inicial. O banco vai atrair outros depósitos e crescer 10 vezes ou 20 vezes, se tornando forte e constituindo uma saída para a China e para outras economias – prevê Wong.
No futuro, outras nações como México, Turquia, Nigéria e Indonésia também poderão se tornar parceiras do projeto.




terça-feira, 15 de julho de 2014

"Irmã mais velha" China é maior desafio para sucesso dos Brics

terça-feira, 15 de julho de 2014 19:45 BRT
 
[-] Texto [+]
Por Alonso Soto
FORTALEZA (Reuters) - Durante os dois anos de duras negociações para criar o novo banco de desenvolvimento dos Brics, o principal obstáculo não foi a falta de recursos ou de comprometimento, mas a parceira China.
Inicialmente, os chineses queriam uma parcela maior do banco, lançado formalmente nesta terça-feira pelos líderes dos cinco países dos Brics como claro desafio ao rígido domínio ocidental sobre as finanças globais, disseram autoridades envolvidas nas conversas.
No final, Brasil e Índia prevaleceram e mantiveram igual a participação dos cinco membros, mas permanecem os temores de que a China, segunda maior economia do mundo, possa tentar exercer influência maior no banco de 100 bilhões de dólares para ampliar seu peso político no exterior.
“É inevitável que os chineses dominem o novo banco”, declarou Riordan Roett, cientista político da Universidade Johns Hopkins. “Eles não se envolvem nestes empreendimentos a menos que tenham, senão o controle total, uma influência significativa”.
Conhecidos por suas diferenças acentuadas na economia e na política, os Brics enfrentam o desafio de conter a ânsia chinesa para controlar instituições que supostamente dão voz a todos os parceiros.
A discórdia interna se tornou evidente nesta terça-feira, quando o grupo mostrou dificuldade para superar um impasse de última horas nas negociações entre China e Índia –- ambas queriam sediar o banco. Para destravar as conversas, o Brasil abdicou do pedido para ser o primeiro presidente rotativo em favor dos indianos, segundo uma autoridade de alto escalão envolvida no processo.
O banco será sediado em Xangai, a capital dos negócios na China, e seu objetivo será romper com o modelo que dá pouco direito a voto para economias emergentes e perpetua o domínio dos Estados Unidos e da Europa sobre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
“Este é um grande desafio para os Brics. Às vezes, quando se chega às negociações de fato e os países querem mais voz, esquecem de algumas de suas aspirações mais nobres, quando criticavam o FMI e o Banco Mundial”, disse Kevin Gallagher, professor de relações internacionais da Universidade de Boston.   Continuação...
 

Chefes de estado do Brics devem firmar criação de banco em reunião no CE

Segundo dia do encontro terá reunião de cúpula.
Também é aguardada a definição sobre o local da sede do banco.

Do G1 CE

Os chefes de estado dos países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índias, China e África do Sul) se reúnem em Fortaleza nesta terça-feira (15) para deliberar a criação de um banco e um fundo financeiro comuns. Às 10h30 desta terça-feira (15), no Centro de Eventos, a presidente Dilma Rousseff, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi e, os presidentes da China, Xi Jinping, e África do Sul, Jacob Zuma, participam da primeira sessão de trabalho deste VI encontro de cúpula do bloco.  A sessão é fechada e deve durar cerca de 2 horas. À tarde, haverá assinatura de atos e sessão plenária.  
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, cerca de 3 mil pessoas estão na capital cearense participando do encontro, entre os quais 700 empresários de  602 empresas e 1.500 jornalistas.  A última reunião de cúpula do Brics foi realiza\da em março de 2013, em Durban, na África do Sul.
É prevista para esta terça a definição sobre o país que será sede do organismo. O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do bloco, nos moldes do Banco Mundial, deverá  financiar projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável. Nascerá com capital inicial de US$ 50 bilhões, com cada país contribuindo com US$ 10 bilhões.
Após a assinatura do acordo para criação, a instituição deve levar cerca de dois anos para entrar em funcionamento já que terá que ser aprovada pelo Congresso dos cinco países integrantes.
Nesta segunda-feira (14), primeiro dia do encontro, o presidente do Conselho Empresarial do Brics no Brasil, Rubens De La Rosa defendeu a criação do organismo. “O banco pode permitir a troca direta de moedas, o que iria diminuir custos de transação. Para negociar com a Rússia, em vez de converter o real para dólar, e o dólar para rublo, o banco deve permitir a conversão direta para rublo, economizando custos”, explicou De La Rosa.
Durante a Conferência de Cúpula, também deve ser criado o Arranjo Contingente de Reservas  (CRA, na sigla em inglês) de US$ 100 bilhões, uma linha de defesa adicional para os países do bloco em crise, com cenários de dificuldade de balanço de pagamento ou atingidos por uma fuga de capitais. Para a constituição do Fundo, a China deverá entrar com US$ 41 bilhões; Brasil, Rússia e Índia com US$ 18 bilhões cada; e a África do Sul com US$ 5 bilhões. A assinatura dos atos de criação do banco e do fundo de reservas está prevista para ocorrer no início da tarde desta terça-feira.
Programação
Na quarta-feira (16), os líderes do Brics estarão em Brasília onde se reúnem com os presidentes dos países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul). Na quinta-feira (17), também na capital federal, ocorre reunião de chefes de Estado e de governo do Brasil, China,  do Quarteto da Comunidade de Estados Latino-Americanos (Celac) - integrado por Costa Rica, Cuba, Equador e um membro da Comunidade do Caribe - dos países da América do Sul e do México.

Países
Os países do Brics, reunidos, estendem-se por cerca de 26% da área terrestre do planeta e abrigam 3,003 bilhões de habitantes, o que representa 42,6% da população mundial. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o peso econômico do Brics é considerável. Em paridade de poder de compra, o PIB dos Brics já supera hoje o dos EUA ou o da União Eropeia.

Depois da realização do encontro em cada um dos cinco países do grupo, a Cúpula de Fortaleza marcará a abertura do segundo ciclo do Brics, com perspectiva de avanços na formalização do bloco, até agora, uma associação informal entre os cinco países em crescimento: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.